Você já ouviu falar que “tudo começa no intestino”? Pois bem, a ciência tem confirmado cada vez mais essa ideia. A disbiose intestinal é o nome técnico para um desequilíbrio na composição da nossa microbiota — o conjunto de trilhões de micro-organismos que vivem no intestino.
Esse desequilíbrio pode resultar em sintomas bem comuns: distensão abdominal, gases em excesso, sensação de “estufamento” e até dores. Isso acontece porque uma microbiota desajustada favorece processos inflamatórios, altera a digestão e a absorção de nutrientes, além de interferir na motilidade intestinal.
Um estudo publicado na Nature Reviews Gastroenterology & Hepatology (2019) destaca como a disbiose está associada a quadros como Síndrome do Intestino Irritável (SCI), doenças metabólicas e até alterações no humor.
O mais interessante é que, dentro da abordagem integrativa, esse desequilíbrio pode ser tratado não só com medicamentos, mas com mudanças alimentares, uso criterioso de probióticos e correção de hábitos de vida. Assim, não tratamos apenas o sintoma, mas a causa.
O que pode causar distúrbios na microbiota intestinal?
Como médica gastroenterologista com atuação em medicina ortomolecular, observo que diversos fatores podem comprometer o equilíbrio desse microbioma:
- Uso excessivo ou indiscriminado de antibióticos: que eliminam não apenas bactérias patogênicas, mas também as benéficas
- Dieta pobre em fibras e rica em ultraprocessados: favorece o crescimento de micro-organismos prejudiciais
- Estresse crônico: altera o eixo intestino-cérebro, afetando a composição microbiana
- Sedentarismo: associado a alterações na motilidade intestinal e na diversidade microbiana
- Infecções intestinais prévias: podem desorganizar a flora, favorecendo o desequilíbrio
- Excesso de álcool: agride a mucosa intestinal e altera a microbiota
- Privação de sono: interfere na regulação imunológica e metabólica intestinal
Quais sinais devem chamar a atenção?
A disbiose intestinal pode se manifestar de forma sutil ou intensa, dependendo da extensão do desequilíbrio e da predisposição individual. Os sinais mais comuns incluem:
- Uso excessivo ou indiscriminado de antibióticos: que eliminam não apenas bactérias patogênicas, mas também as benéficas
- Distensão abdominal:aquela sensação incômoda de “barriga estufada”
- Excesso de gases:flatulência frequente e desconforto associado
- Dor ou cólica abdominal: muitas vezes sem causa aparente em exames convencionais
- Alterações do hábito intestinal:como constipação ou diarreia
- Sensação de má digestão:peso após as refeições e digestão lenta
- Quadros sistêmicos:como fadiga crônica, alterações no humor, ansiedade e até queda na imunidade
Como é feito o tratamento?
A abordagem terapêutica da disbiose intestinal deve ser individualizada e integrada, focando não apenas no alívio dos sintomas, mas na restauração do equilíbrio da microbiota.
- Uso excessivo ou indiscriminado de antibióticos: que eliminam não apenas bactérias patogênicas, mas também as benéficas
- Avaliação clínica e laboratorial: identificação de hábitos, dieta, uso prévio de medicamentos e exames específicos, como análise de microbioma fecal
- Correção alimentar: priorização de fibras prebióticas, alimentos fermentados naturais e redução de açúcares refinados e ultraprocessados
- Uso criterioso de probióticos e prebióticos: selecionados conforme as necessidades de cada paciente, para repovoar e modular a flora intestinal
- Reposição de nutrientes essenciais: muitas vezes necessária para corrigir deficiências que perpetuam o quadro inflamatório
- Modulação do estilo de vida: manejo do estresse, estímulo à atividade física regular e melhora da qualidade do sono
- Suporte com fitoterápicos e nutracêuticos: quando indicados, para otimizar o equilíbrio intestinal e a função imunológica
A medicina ortomolecular, ao considerar o indivíduo em sua totalidade, permite um tratamento mais preciso, visando não apenas o alívio imediato, mas a promoção de um estado de saúde mais duradouro e equilibrado.